Tentativa de suicídio de estagiário em escritório de advocacia em São Paulo | LegisNews
Na última quinta-feira, noite do dia 11 de Agosto, um jovem estagiário do escritório Mattos Filho pulou do 7º andar do imóvel, localizado na região da Avenida Paulista. A queda foi amortecida, evitando a morte do rapaz que foi encaminhado para o hospital ainda com vida.
Denúncias de assédio moral dentro do Direito
Na internet o caso, que não tem recebido espaço nas grandes mídias, vem abrindo portas para diversos relatos de assédio moral nos grandes escritórios de advocacia do Brasil, levantando pelo terceiro mês consecutivo o debate sobre negligenciamento da saúde mental e burnout (esgotamento) enfrentados por diversos juristas brasileiros.
Acontecendo no Dia do Advogado, o caso do jovem estagiário relembrou a morte do servidor de 48 anos do Ministério Público de São Paulo, que no dia 29 de junho suicidou-se dentro da sede do órgão, no centro histórico.
O que os casos tem comum?
Os dois trabalhadores em questão tiveram divulgadas informações sobre vivenciarem um ambiente de trabalho hostil. Ambos estavam, também, imersos no mundo jurídico da cidade de São Paulo.
Em matéria divulgada pelo jornal O Tempo, o MPSP afirmou existir uma gestão focada em gestão de conflitos e comunicação não-violenta dentro do ambiente do escritório. Em nota o ministério assegurou existir "profissionais nas áreas de psiquiatria e da psicologia" que poderiam ser acionados por todos os integrantes que sentissem necessidade.
Escritório Mattos Filho
Segundo dados oficias disponibilizados no site do Mattos Filho, o escritório atua em 6 cidades (Campinhas, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Londres e Nova York). Com mais de 1.700 profissionais e uma receita bruta de mais de 1 bilhão em 2021, os salário médio nacional dos estagiários é de R$ 2990, de acordo com o GlassDoor.
Em nota disponibilizadas nas redes sociais, o escritório afirmou se sensibilizar com o ocorrido e que "Desde o primeiro momento, o Mattos Filho vem oferecendo toda assistência e acolhimento ao jovem, seus familiares e colegas de trabalho, zelando, especialmente, pela privacidade e respeito aos envolvidos.". A postagem vem recebendo diversas mensagens pedindo justiça e responsabilização dos envolvidos.
O escritório se posiciona enquanto um local integrado e preocupado com o bem-estar da sociedade e seus funcionários no Instagram.
A rebordosa no mundo jurídico
Como já foi dito aqui, tentativa de suicídio do estagiário do Mattos Filho acabou abrindo mais espaço nas redes sociais para relatos de situações de desconforto dentro de grandes escritórios e departamentos jurídicos.
A página Escritórios Expostos na rede social Instagram foi criada há 4 dias e já possui 36 publicaçãoes/relatos, com mais de 39 mil seguidores. Segundo a própria página, o objetivo é "servir como um espaço seguro para o compartilhamento de experiências e fatos sobre escritórios perversos".
Como pôr um fim aos relatos de abusos no mundo jurídico?
Este artigo não tem como intuito acusar ninguém e sim levantar o debate sobre as necessidades do mundo jurídico de se renovar e buscar uma readaptação aos novos valores da sociedade.
Hoje já existem estudos embasando a relação entre alta produtividade e satisfação no ambiente de trabalho com rotinas de trabalho que permitem ao colaborador estar integrado em todas as áreas da sua vida, pessoal ou corporativa.
Alguns países e empresas já têm aderido à nova "moda" . Aqui no Brasil o deputado Paulo Paim levantou a proposta de instituir um novo limite de hora diárias e/ou semanais de trabalho - sem diminuir o salário.
Em sua proposta, o deputado declarou que "Uma jornada de seis horas poderá, sem muito esforço, ser contínua, atendendo ao interesse dos trabalhadores e empresários". A nova rotina seria uma forma de aumentar a qualidade de vida e gerar mais empregos dentro do país.
E para além da carga horária envolvida na rotina de trabalho do indivíduo, a adesão à estratégias de gestão jurídica, como políticas que evitem o esgotamento dos profissionais, através de boa comunicação das equipes, flexibilização dos horários, delegação de tarefas e um espaço seguro nas ouvidorias, bem como manutenção frequente das políticas internas.
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