Cães de Assistência Judiciária? Como a Justiça do Paraná pretende inseri-los para o apoio a vítimas.

Na imagem: Teela - cão de assistência judiciária
TJPR: Cão de assistência judiciária

O fórum de Londrina/PR ganhou reforços diferenciados para auxiliar vítimas de violência, crianças e adolescentes. O Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais (IBETAA) resolveu tornar-se parceiro do Tribunal de Justiça do Paraná, fornecendo os primeiros serventuários caninos da justiça.

Os cães Bello, Snow e Teela tornaram-se os pioneiros do serviço, sendo incorporados como instrumento terapêutico na rede de proteção às crianças e adolescentes vítimas de violência, abandono e abusos. 

A juíza Cláudia Catafesta, coordenadora do Núcleo de Apoio Especializado da Direção do Fórum de Londrina:

Queremos fazer um trabalho diferenciado em prol desse público e não ficar naquela coisa burocrática, protocolar. Temos uma expectativa enorme que vai ser muito engrandecedor em relação à concretização dos direitos dessas crianças e adolescentes”. 

Uma inspiração para a iniciativa ser implantada foi a assistência judiciária americana. O acolhimento com cães existe nos Estados Unidos há mais de trinta anos, afinal, após um grande trauma como um abuso ou abandono, existe uma uma resistência natural das vítimas para ir falar num ambiente tão sério como o Judiciário.

Logo, os animais estarão ali para recepcionar os lesados e ajudar a humanizar o ambiente do Tribunal, diminuindo a ansiedade das vítimas adultas, além de crianças e adolescentes.

A juíza Camila Tereza Gutzlaff Cardoso da Vara da Infância e Juventude de Londrina/PR ainda reforça sobre o impacto do depoimento judicial para as pessoas não acostumadas com o local: 

O ambiente forense não é um ambiente agradável para uma criança ou adolescente. Então, o animal é para eles terem vontade de entrar no fórum, se sentirem mais à vontade, diminuir o stress, a angústia, esse medo do momento de falar. Através da aproximação com o cachorro, que eles possam se soltar um pouco mais

Dos primeiros impactos da iniciativa: 

A prática foi implementada em julho de 2023, ou seja, há 3 meses. Após isso, algumas respostas positivas puderam ser notadas. As crianças foram mais receptivas depois do contato com os animais e até cartinhas de agradecimento os cães já receberam. 

Do treinamento dos cães

Todos os cães mencionados passaram por uma triagem e avaliação para trabalhar no apoio emocional de humanos. A partir disso, uma equipe de especialistas em comportamento animal definiu um plano de adestramento específico. Esse trabalho de aperfeiçoamento é contínuo.

O fundador e diretor do IBETAA complementa: 

Não é qualquer cão que pode atuar dessa forma. O animal passa por testes de comportamento para saber se tem o perfil. Depois, outros testes para saber se ele vai dar conta. Não é só porque o cachorro é bonzinho que ele vai virar um cão de assistência judiciária (...). Eles continuam sendo treinados. O adestrador vai com eles ao fórum para que entendam o que tem que fazer, não se distraiam facilmente. Eles vão trabalhar em um ambiente diferente, então também precisam se acostumar

Vale destacar que o treinamento não só foi passado aos cães. Acredite se quiser, mas pouco mais de 30 pessoas do fórum passaram por uma capacitação específica do Ibetaa para aproveitar da melhor forma o potencial do trabalho conjunto com o cão de assistência judiciária.

 A princípio, foi feita uma preparação teórica para, em seguida, fornecer um treinamento prático para o manejo do cachorro pelos servidores envolvidos.

Do apoio psicológico

A psicóloga judiciária Aline Pedrosa Fioravante argumenta sobre a importância da iniciativa para o apoio psicológico:

"Não tenho dúvidas do impacto positivo do Cão de Assistência judiciária sobre a menina que conseguiu, apesar de tudo, sair sorrindo deste fórum. Não tenho dúvidas de que, juntamente com todas as medidas técnicas a serem adotadas, há um universo infinito de possibilidades para que os cães apoiem nossos meninos e meninas em seus momentos mais difíceis, naqueles lugares em que nossas palavras não alcançam e nossos sentidos venham a falhar.” 

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Fonte: CNJ e Jusbrasil Notícias